segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Abertura Econômica Já!

DÓLAR DERRETE EXPORTADOR

Espaço aberto para Alberto José Peliciolli, diretor financeiro de empresa de móveis em Flores da Cunha (RS): "Nossa empresa do ramo de móveis é 100%, mas com o dólar no patamar em que está é impossível continuar, sob risco de demitir nossos 330 funcionários e mandá-los para o seguro desemprego. Vamos teimando, ainda até o final deste ano.O governo não se dá de conta que estamos gerando empregos na China, na Índia? Precisamos urgente de uma banda cambial".

O professor Marcelo de Oliveira Passos, da Universidade Federal de Pelotas (RS), entra no assunto, sugerindo como evitar uma apreciação maior da taxa de câmbio real no médio e longo prazo: basta promover uma nova rodada de abertura comercial (importar mais para exportar mais).

Diz ele: "Mexer na política cambial é tarefa que requer um timing preciso, um sentido apurado de análise e uma perfeita noção de sintonia da política cambial com outras políticas que fazem parte da política econômica (políticas fiscal e monetária, sobretudo, e também as políticas externa e comercial)". Por isso, às vezes é "melhor manter a política cambial como está e refletir mais sobre a necessidade e as características destas alterações". Mas cabe uma proposta: "não seria melhor é influir indiretamente sobre a taxa cambial (incentivando as importações) que alterar a política cambial (como propõe alguns economistas)? O Brasil é uma das grandes economias mais fechadas do planeta. Quando sua taxa de câmbio ruma para uma apreciação excessiva, tem-se uma oportunidade de se fazer política comercial. Nesse sentido, prospectar mercados para nossos principais produtos e oferecer em troca a desoneração tarifária para produtos importados essenciais para a indústria brasileira (máquinas e equipamentos, tintas, alguns componentes eletrônicos, softwares etc.) pode ser mais eficaz para a estabilidade cambial no médio prazo do que o discutir e implementar mexidas na taxa de câmbio, controles cambiais etc".

Ampliar a corrente de comércio pode ser mais eficaz do que defender alterações na política cambial, afirma. Outro ponto importante a considerar: "Com o possível aumento da taxa Selic no curto prazo, é possível que ela tenda para um piso cada vez menor. Bom para o especulador cambial e péssimo para o exportador. Um aproveita as diferenças de preços entre ativos (o real e o dólar). O outro gera produto, emprego e renda."

Joelmir Beting

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