quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Progresso que foi Destruído.


O Complexo do Alemão se estende pelos bairros de Inhaúma, Ramos, Bonsucesso, Olaria e Penha. É um microcosmo da história da cidade e uma das principais causas da insegurança pública do Rio. Sua história começa logo depois da Primeira Guerra Mundial, quando na década de 20, o polonês Leonard Kaczmarkiewicz deixou a Polônia e adquiriu lotes na Serra da Misericórdia, uma região rural da Zona da Leopoldina. Não demorou para que o local ficasse conhecido como Morro do Alemão, em alusão as características físicas do proprietário. A ocupação no entanto, só começou em 1951, quando Leonard dividiu o terreno para vendê-lo em lotes.

A área rural começou a mudar de perfil em 1920, com a instalação do Curtume Carioca. A empresa atraiu para o bairro centenas de famílias de operários, dinamizou o comércio e ajudou a fixar moradores. A abertura da Avenida Brasil, em 1946, contribuiu para o progresso da região, transformando-a no principal pólo industrial da cidade.

O comércio e a indústria viriam a aumentar bastante suas atividades, mas a ocupação desordenada dos morros adjacentes, que teve seu boom no primeiro governo de Leonel Brizola, acabou por dar lugar às favelas do Complexo do Alemão.

A entrada da cocaína nos morros cariocas a partir dos anos 80 fez crescer também o comércio de armas de guerra, mas foi o assassinato do traficante Orlando da Conceição, o Orlando Jogador, em 13 de junho de 1994, que marcou definitivamente a história de violência da cidade. Orlando comandava o tráfico no complexo e era um dos chefes da maior facção criminosa do estado. Ele e outros dez integrantes da quadrilha foram assassinados pelo bando de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, chefe do Morro do Adeus, que pertencia ao mesmo bando.

Os mais jovens, revoltados com de Uê, criaram um novo comando, ainda mais violento. Já os descontentes com Orlando foram com Uê para a facção inimiga, dando início à guerra que dura até hoje e já matou cerca de 30 mil pessoas na capital, quase o dobro da população de Búzios.

A região concentra hoje cerca de 40% dos crimes da cidade, e a violência foi a principal responsável pela fuga das indústrias e pelo empobrecimento do local. Uma pesquisa do Instituto Fecomércio-RJ de 2003 mostrou um percentual alto de imóveis fechados. Na Penha, foram desocupados 12,8% (290) dos 2.257 imóveis comerciais, industriais e residenciais. Em Olaria, o índice foi de 8,68% (74 dos 1.464 imóveis).


http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/06/29/296568045.asp

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