sábado, 19 de julho de 2008

Neuroeconomia: homens e mulheres são diferentes nas decisões financeiras?

Saber se homens e mulheres lidam da mesma forma com o dinheiro ainda gera opiniões contraditórias. Enquanto alguns estudiosos afirmam, por exemplo, que os hormônios influenciam as decisões e afetam a forma de agir, outros acreditam que homens e mulheres podem até não pensar da mesma forma, o que não significa que suas decisões relacionadas ao dinheiro sejam tão diferentes.

Para o médico e coordenador do Centro de Estudos dos Processos de Decisão, Escola de Economia de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, Armando Freitas da Rocha, diferenças entre homens e mulheres existem e podem resultar em mudanças de comportamento acentuadas ou em diferenças de processamento cerebral sem diferença comportamental.

"Apesar de muitos acharem que não é politicamente correto falar dessas diferenças, elas são inegáveis. Há estudos mostrando que o homem é mais rápido que a mulher em aritmética, desde o ensino fundamental. Já a mulher é mais rápida na decodificação da linguagem, por exemplo".

Decisões financeiras

No entanto, Rocha conta que, em relação às decisões relacionadas ao trato com o dinheiro, ainda não dá para afirmar se o fato de apresentarem processamento cerebral distinto resulta em decisões que causem prejuízo a alguns dos sexos.

"Se um é melhor que o outro neste quesito, ainda é preciso estudar muito para se achar uma resposta conclusiva. Mas esse é um ponto que os estudos de neuroeconomia estão se aprofundando e, em alguns estudos já realizados, foi possível encontrar situações em que houve diferença de atividade cerebral e performance e casos em que houve diferença cerebral, mas não houve um resultado diferente", conta.

O coordenador ainda completa: "Eu acredito que, se pegarmos bons investidores em ambos os sexos, não teremos resultados muito diferentes. Poderemos ver sim estratégias diferentes. Mas acho que, no final, ambos conseguirão lucratividade bem parecida".

Para basear sua opinião, Rocha cita um estudo na área de tomada de decisão feita com veterinários de ambos os sexos.

"Em um estudo recente pegamos homens e mulheres que atuam com medicina animal e pedimos que definissem um diagnóstico para determinados sintomas apresentados. Embora tenham sido constatados padrões de atividades cerebrais diferentes, não houve diferença de comportamento entre os sexos e não dá para dizer que um foi melhor que o outro no diagnóstico. Só percebemos diferenças quando estudamos veterinários jovens de profissão, com outros que já possuem uma carreira longa. Mas esse já é um outro assunto", encerra o especialista.

Info Money

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