domingo, 6 de julho de 2008

Venda Ecológica

As constantes mensagens em todas as mídias sobre os procedimentos para ser ecológico e se tornar uma pessoa útil ao meio ambiente têm resultado em efeito contrário. O excesso de informações conflitantes que chegam ao consumidor, no sentido de viver com leveza e bem-estar em nosso planeta, vêm prejudicando a própria finalidade das campanhas “esclarecedoras”, de vez que mais confundem do que aclaram, com os “suportes” científicos e as informações passadas.

Essa estática de informações crescente e urgente, ocasionalmente, imprecisas e contraditórias é repetida, cada vez mais, em volume mais alto e por tempo demais. O chamado ruído verde pulsa em nossa consciência coletiva, vindo de todas as direções, principalmente, dois anos depois de “ An Inconvenient Truth”, o documentário de Al Gore, ajudando a deflagrar uma nova maré de ativismo ecológico por todo o planeta e, em especial, nos Estados Unidos.

O que se chama de “Green Washing” ou lavagem cerebral verde, propagou-se com a apropriação de questões do meio ambiente, por parte de organizações políticas e industriais. Isso, exclusivamente, com a finalidade de usufruir os benefícios do marketing verde, aparecendo “politicamente correto”, em uma espécie de “o verde que lava mais branco”, no caso brasileiro.

A fadiga ecológica que vem da maioria das Organizações não Governamentais ambientalistas, dos vendedores de ecologia, viabilizando e faturando com produtos que supostamente fazem bem ao meio ambiente, hoje, uma indústria especializada, trombeteiam vantagens ecológicas com alegações, muitas das vezes absurdas, que não coincidem com a prática cotidiana. Esse acréscimo de dados sobre ecologia vem resultando em uma sensação de desorientação às pessoas.

Não existe, ainda, uma diretriz, um caminho a ser seguido por todos, em busca de uma solução para o aquecimento global, cada país adotando uma política nesse sentido, desde que não prejudique a matriz industrial sobre a qual está montado. As águas e outros produtos não renováveis têm obtido um tratamento diverso, com a contradição de que, ao mesmo tempo que se buscam meios de preservação, continuam existindo as indústrias de plástico que as polui e se insiste em colocar resíduos poluentes, como esgotos industriais ou não, nos rios.

Ainda há a questão da preservação das matas e das florestas, devastadas a cada dia com o desmatamento desenfreado, para a instalação de fazendas de produtos agrícolas e para a extração ilegal de madeira, sem falar nas outras riquezas de caráter mineral, vegetal e animal. Vive-se o caos da informação desinformando, exortando as pessoas a andarem de bicicleta, enquanto novos poços de petróleo são abertos, proclamando a reciclagem de produtos com a coleta de lixo seletiva, enquanto o lixo atômico se espalha por todo lado com as usinas nucleares, sem falar no ridículo que é as pessoas irem ao Supermercado com as sacolinhas, geralmente, de plástico, que um dia acabarão se tornando um lixo inconveniente para os parâmetros ecológicos.

Afinal, todos os indivíduos e a sociedade já enfrentam, diariamente, as contradições do desenvolvimento e da sustentabilidade, acostumando-se aos desencontros das informações, como acontece com as posições científicas sobre a saúde das pessoas, onde uma hora certo produto faz mal, outra hora, não faz mais, mas isso é outro assunto.

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